Mal-estar na Polícia Federal mesmo após MP
Correio Braziliense
Publicação: 18/11/2014 08:14 Atualização:
O
clima de tensão na Polícia Federal (PF) continua, mesmo depois da
aprovação no Congresso da Medida Provisória (MP) nº 657/2014, que
destina exclusivamente a delegados da corporação o posto de
diretor-geral do órgão. Insatisfeita com a decisão, a Federação Nacional
dos Agentes, Escrivães e Papiloscopistas da Polícia Federal (Fenapef)
ameaça decretar operação-padrão por tempo indeterminado. Além disso, a
entidade informou que pode pedir aos filiados que entreguem os cargos de
chefia que ocupam.
Em nota, a direção da PF
afirmou não acreditar na entrega em massa de funções de chefia. “Ainda
que alguns cargos sejam disponibilizados, não haverá qualquer prejuízo à
população”, diz o documento. Já o diretor da Associação dos Delegados
da Polícia Federal (ADPF), Carlos Eduardo Sobral, minimizou os protestos
e lembrou que nenhum policial pode deixar de cumprir as obrigações. “A
entrega de chefias é mais simbólica do que efetiva”, afirmou. “Com a
decisão do Congresso, acabou a discussão. Vamos voltar à realidade.”
A
Fenapef realiza assembleia nesta terça-feira (18) para ratificar as
decisões. Caso a operação padrão seja aprovada, os agentes pretendem
seguir ao pé da letra os procedimentos recomendados no manual da
corporação, o que atrasaria as investigações policiais. A Fenapef alega
que, com a MP, o comando total da corporação ficará exclusivamente sob a
tutela “dos escolhidos do governo”.
Cartilha
“Não
vamos fazer nada fora da lei. Apenas respeitaremos a cartilha”, disse o
presidente da representação sindical, Jones Leal. “Agora, só iremos ao
local dos crimes se um delegado nos acompanhar. Não pilotaremos
aeronaves porque não consta na cartilha, não trocaremos pneus, não
entraremos em carros sem documentação em dia, não usaremos armamento sem
manutenção. E não descartamos a possibilidade de uma greve geral por
tempo indeterminado”, desafiou.
De acordo com
Leal, não há delegados em número suficiente para preencher os cargos de
chefia. Dos 14 mil servidores da PF, apenas 1,7 mil são delegados e,
desses, em torno de 650 ocupam cargo dessa natureza.
Em
nota, a Fenapef informou que “a situação interna da PF passa pela pior
fase de convivência entre os cargos”. Segundo o vice-presidente da
entidade, Luiz Boldens, há temor de confronto. “A federação está tendo
muito trabalho para controlar os ânimos. Todos estão quietos e muito
tensos. Se alguém tentar se vangloriar ou aplicar leis absurdas, pode
romper o silêncio. Tememos consequências drásticas”, disse ele.
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